Escala de Plantão Médico: passo a passo e regras essenciais
Quem trabalha coordenando grupos hospitalares ou está encarregado de construir a escala de plantão médico sabe que erros nessa atividade podem gerar conflitos.
O que consequentemente prejudica o fluxo de atendimento e até mesmo a qualidade dos serviços.
Por isso, elaboramos este guia para auxiliar no momento de construir uma escala equilibrada para os plantonistas.
Confira o passo a passo para montar uma escala de plantão médico assertiva e quais são as complicações caso o médico não cumpra o horário estabelecido.
8 passos para organizar uma escala de plantão médico
1. Identifique as políticas e exigências do hospital
Primeiro, confira quais são as normas internas da instituição de saúde em relação aos plantões.
Isso envolve informações como a duração do plantão e outros detalhes técnicos que não devem ser ignorados, principalmente se for mencionado algo sobre terceirização.
Esse passo é essencial para que a escala de plantões não fira normativas e seja construída sem desrespeitar o regulamento do local e as regras trabalhistas aplicadas ali.
2. Equilibre as necessidades do hospital X necessidades dos médicos
Esse ponto merece uma importante reflexão:
A escala não pode contemplar apenas as necessidades da empresa, é preciso respeitar as demandas dos profissionais.
O contrário também é válido: a escala de plantão também não pode ficar à mercê das preferências dos médicos.
O jeito é encontrar o equilíbrio.
Analise a demanda pelos serviços e os horários de pico para entender as necessidades da instituição.
Em seguida, analise como essa demanda pode ser encaixada na agenda dos profissionais (sempre respeitando as normas trabalhistas e o direito ao descanso).
Sim, essa tarefa vai exigir bastante atenção às jornadas de trabalho e um pouco de diplomacia.
Afinal, sempre vai haver aquele horário ou dia que ninguém quer pegar, mas é preciso escalar um profissional.
O jeito é dialogar e explicar as necessidades para não gerar atritos ou correr o risco de ficar com a equipe desfalcada na última hora.
3. Faça escalas equivalentes
Cuidado para não concentrar muitos plantões em poucos profissionais, o trabalho deve ser bem distribuído.
A má distribuição pode gerar mais do que o cansaço nos “preferidos”, ela pode gerar problemas de relacionamento com os “preteridos”.
Isso é ainda mais forte quando os plantonistas são médicos PJ e recebem por plantão.
Afinal, é chato deixar um médico de “stand-by” sem a oportunidade de pegar plantão em outro lugar, mas não entregar para ele uma carga adequada de trabalho perante suas necessidades.
4. Confirme quais são as habilidades e especialidades adequadas
Já imaginou um plantão de carnaval sem a presença de um ortopedista?
Ou o que seria de um pronto-socorro durante a pandemia sem um infectologista?
É essencial prestar atenção às especialidades na hora de construir a escala de plantão médico.
Esse tipo de cuidado permite que a instituição esteja com um time completo de profissionais de acordo com a demanda e os desafios do momento.
5. Utilize aplicativos de gestão de escala de plantão
Essa dica é bem importante para quem tem dificuldades com planilhas e anotações manuais.
Atualmente existem softwares que ajudam a montar a escala médica, evitando erros e agilizando o processo, como:
Essas são apenas algumas das milhares opções que você pode encontrar, tanto pagas quanto gratuitas.
Algumas das melhores ferramentas são dotadas de inteligência artificial e comandos automatizados que auxiliam a encontrar as melhores soluções.
6. Disponibilize a escala com antecedência
A escala também serve para que os profissionais possam programar suas demandas pessoais e de trabalho.
Por isso, é fundamental montar e disponibilizar a escala de plantões médicos com a maior antecedência possível.
Oferecer previsão aos médicos ajuda a evitar desgaste no relacionamento do profissional com a empresa e até com sua própria família.
Afinal, não existe nada mais chato do que agendar um passeio com os filhos no fim de semana e descobrir em cima da hora que você precisa dar plantão quando voltar, concorda?
E esse cuidado não serve apenas para evitar o descontentamento, mas também os imprevistos.
Lembre-se que médicos também podem ficar doentes, perder um parente ou sofrer com algum incidente inesperado.
Quando a escala é divulgada com antecedência, fica mais fácil reagir ao inesperado e evitar ausências nos plantões.
7. Nada é escrito em pedra: acompanhe a escala de plantões e faça os ajustes necessários
Lembre-se que a escala de plantões não é imutável.
Não existe nada que não possa ser ajustado para contribuir com a instituição e com os médicos.
É claro que ela não deve ser alterada o tempo todo.
Mas, ter flexibilidade na escala é essencial para cobrir imprevistos, evitar desgastes com os médicos e redimensionar a demanda em situações excepcionais.
Portanto, informe à equipe que podem ocorrer alterações e faça mudanças sempre que necessário.
8. Atenção com o modelo de contratação de cada médico
Por fim, não se esqueça de considerar o modelo de contratação dos profissionais na hora de elaborar a escala.
Um médico CLT possui uma carga horária definida pelo seu contrato de trabalho, já o médico PJ costuma ser contratado por plantão ou por um “pacote” de plantões.
Leve esses detalhes em consideração para evitar problemas trabalhistas, pagamentos de horas extras imprevistos e até mesmo processos de vínculo empregatício.
Veja também: CNPJ para Médico Plantonista é obrigatório?
Quem é o responsável por fazer a escala de plantão médico?
O responsável por fazer a escala de plantão médico geralmente é o chefe ou coordenador do departamento médico, ou em alguns casos, o diretor clínico da instituição.
O art. 2º, §3º, V, da Resolução CFM 2147/2016, determina que é obrigação do Diretor técnico:
“Organizar a escala de plantonistas, zelando para que não haja lacunas durante as 24 horas de funcionamento da instituição, de acordo com regramento da Resolução CFM nº 2.056, de 20 de setembro de 2013″
No entanto, é importante ressaltar que alguns hospitais contratam grupos hospitalares para a prestação de serviços médicos, inclusive plantões.
Sendo assim, o Diretor Técnico fica responsável pelo hospital como um todo, mas a empresa médica contratada tem sua responsabilidade na montagem da escala.
Em grupos hospitalares menores, os próprios sócios administrativos montam a escala do plantão médico.
Já grupos maiores costumam contratar um colaborador de nome “escalista” que ficará responsável por montar a escala.
Esse profissional não precisa, necessariamente, ser médico.
Tudo dependerá da organização e do tamanho de cada grupo hospitalar.
O que acontece se um médico não cumprir o seu horário na escala?
Do ponto de vista organizacional, a ausência não planejada desestabiliza a programação do plantão, gerando um efeito cascata que desorganiza a gestão dos recursos humanos.
Os demais médicos ficam sobrecarregados, elevando os níveis de estresse e cansaço, consequentemente comprometendo a qualidade do atendimento aos pacientes.
A falta de cumprimento da escala de plantão médico gera risco de atraso no atendimento, especialmente em situações de emergência.
Portanto, pacientes podem ser prejudicados.
Em casos extremos, eles podem apresentar complicações graves ou óbitos que poderiam ter sido evitados com uma equipe completa.
Sem contar que a reprogramação de plantões de última hora nem sempre é fácil e pode custar bem mais do que o esperado.
Além das implicações práticas, existem também as repercussões éticas e legais.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o cumprimento dos plantões é uma obrigação profissional.
O não comparecimento sem justificativa adequada pode ser considerado uma infração ética, sujeita a sanções que variam desde advertências até a suspensão do exercício profissional, dependendo da gravidade e da recorrência da falta.
Mas as consequências não ficam apenas para o profissional.
Segundo o CFM em sua resolução de nº2.147/2016, a ausência de médicos em plantões é de responsabilidade dos gestores (como os diretores técnicos e clínicos), que também responderão ética e juridicamente pelas ausências.
Isso também demonstra como é importante que a escala de plantões tenha “planos B” e profissionais que ficam de sobreaviso para suprir a falta de colegas.
No entanto, o CFM também aponta que, nos casos em que o plantonista não queira comparecer, sem que haja um motivo justo, é sua responsabilidade encontrar um substituto para o plantão.
Caso não encontre, ele responderá o CRM da sua região.
Porém, se o médico não quiser mais realizar plantões na instituição de saúde, deve seguir as regras internas de rescisão e, não havendo regras específicas, deve comunicar com a maior antecedência possível.
Em relação aos médicos com vínculo empregatício, deverão seguir as regras da CLT, ou normas próprias, no caso do funcionalismo público, cumprindo aviso-prévio.
Veja também: Quanto um Médico Ganha por Plantão?
6 vantagens de uma escala de plantão bem feita
1. Atendimento contínuo
A escala de plantão médico bem elaborada, garante que haja cobertura médica 24 horas por dia, 7 dias por semana em unidades que atuam com pronto-socorro e em hospitais que operam de forma contínua.
Sem a construção de uma escala, a instituição corre o risco de não contar com os profissionais certos para prestar os serviços médicos necessários durante o seu funcionamento.
2. Distribuição do trabalho
Um bom planejamento evita sobrecargas e garante que todos os membros da equipe tenham períodos de descanso adequados.
Assim, previne o burnout, o esgotamento físico e mental e os erros causados pela exaustão dos médico.
3. Planejamento e organização
Uma das principais funções da escala médica é organizar a força de trabalho e planejar adequadamente como as equipes irão trabalhar.
Como existem plantões com diferentes durações (que podem variar entre 12h e 24h ininterruptas), é essencial construir uma organização clara para que os profissionais saibam com antecedência quando começam e terminam suas atividades de plantão.
4. Resposta a picos de demanda
Em situações de emergência ou em períodos de maior demanda (como epidemias), a escala de plantão médico permite ajustes rápidos e eficientes para aumentar a disponibilidade de profissionais.
5. Coordenação de equipes multidisciplinares
Muitas unidades de saúde oferecem serviços que envolvem equipes multidisciplinares.
A escala de plantão também serve para facilitar a coordenação entre médicos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais, garantindo que todos os membros da equipe estejam disponíveis.
6. Qualidade do atendimento
E por fim, a maior vantagem é a garantia na qualidade de atendimento.
A escala de plantão médico, quando bem definida, evita estresse por parte dos pacientes e consequentemente diminui as crises que o corpo clínico precisará gerenciar.
Quais são os tipos de plantão médicos existentes?
1. Plantão Noturno
Geralmente ocorre das 19h às 7h, apresentando um menor volume de atendimentos comparado ao diurno, mas com potencial para emergências graves.
2. Plantão Diurno
Normalmente começando às 7h e terminando às 19h, o plantão diurno tem mais atendimentos, incluindo consultas eletivas, procedimentos e maior interação com equipes multidisciplinares.
3. Plantão de Sobreaviso
Neste caso, o médico não tem um horário fixo de atendimento, ele fica de prontidão fora da unidade de saúde, podendo ser chamado a qualquer momento.
4. Plantão em UTI (Unidade de Terapia Intensiva)
Os plantões em UTI podem ser tanto diurnos quanto noturnos.
Para trabalhar nesse plantão, o médico precisa de alta especialização e capacidade de tomada de decisões rápidas.
5. Plantão em Pronto-Socorro
O médico pode trabalhar no período diurno ou noturno e vai lidar com uma alta rotatividade de pacientes com diversas gravidades.
Escala definida, “mãos à obra”!
Com as dicas e informações listadas, acreditamos que você consegue realizar a construção da escala de plantão médico com menos dúvidas e mais segurança.
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