Gestão Financeira para Médicos: O que é + 14 dicas valiosas
Formado em Medicina há alguns anos, você finalmente realizou outro sonho: abriu a sua própria clínica médica.
Embora pareça simples, uma clínica médica exige conhecimentos em gestão financeira e muita organização.
Afinal, não adianta ganhar bem se não souber administrar o dinheiro, não é mesmo?
Sabemos que a vida na medicina é corrida, mas falta de tempo não é desculpa!
Até porque, empreender na área médica tem muitas particularidades – e você não é obrigado a saber lidar com todas elas. Porém, é importante tê-las sob controle.
Por isso, reunimos neste artigo algumas dicas de gestão financeira para médicos que vão ajudar você a não cair em dívidas futuramente.
Acompanhe.
O que é gestão financeira para médicos?
A gestão financeira para médicos é voltada ao dia a dia da clínica médica.
Ao abrir o próprio negócio – ou, neste caso, o próprio consultório médico -, é preciso se preocupar com o dinheiro de uma forma diferente.
Não basta só ganhá-lo – embora essa seja, é claro, a melhor parte.
A partir desse momento, é preciso administrar o dinheiro, e isso pode não ser tão simples.
O primeiro passo é se familiarizar com conceitos como fluxo de caixa, demonstrativo de resultado, notas fiscais e controle de estoque.
Com uma agenda corrida e cheia, é difícil fazer esse controle sozinho, não é mesmo?
Então, o segundo passo, é buscar o auxílio de uma contabilidade especializada para gerenciar a clínica médica e ajudar com toda a burocracia.
Por fim, a gestão financeira da clínica médica contempla o acompanhamento das despesas (funcionários, aluguel, água, energia elétrica, equipamentos, etc.) e o controle do dinheiro que entra no seu caixa.
Tudo isso para que você possa entender quanto de dinheiro você pode retirar do caixa da clínica e quanto de dinheiro deve manter em caixa para honrar com as obrigações do negócio.
Assim, você consegue visualizar se a sua clínica está gerando lucros ou apenas gastos e então fazer um planejamento financeiro para o sucesso do seu negócio.
Veja também: Como abrir um consultório médico (Passo a passo e Requisitos)
14 dicas de gestão financeira para médicos
Deu para perceber que a gestão financeira para um clínica médica é tão importante quanto a prestação de um bom serviço, não é mesmo?
Afinal, se você não seguir as orientações corretas, todo o seu investimento inicial pode ir por água abaixo e o que era um sonho acaba virando pesadelo.
Para ajudar você nessa, separamos algumas dicas para colocar a gestão financeira da sua clínica em prática:
1. Não misture as despesas pessoais com as profissionais
Talvez esse seja o erro mais comum, e que com certeza deve ser evitado.
Separar as despesas pessoais das despesas da empresa é crucial para não ter consequências negativas como:
- Não conseguir identificar claramente se a clínica está dando lucro;
- Ter uma contabilidade na empresa sem serventia;
- Correr o risco de perder a proteção legal da limitação da responsabilidade dos sócios, o que pode resultar em prejuízos financeiros.
Por isso compreenda os números, receba o seu salário (o lucro da empresa não é o seu salário), e a partir da sua conta bancária pessoal, pague suas despesas pessoais.
Ou seja, o valor gasto com as viagens em família, escola dos filhos e despesas com a casa, são pagos com o salário que você recebe (mesmo sendo o proprietário da clínica).
Enquanto o salário dos funcionários, equipamentos, materiais, impostos e demais custos fixos e variáveis são gastos com o dinheiro do consultório.
Para facilitar tenha em mente o seguinte:
As despesas da empresa devem ser pagas pela conta da empresa e despesas pessoais por sua conta bancária pessoal.
Realizando essa separação, tanto a sua gestão financeira pessoal quanto a profissional ficarão em dia.
2. Controle o fluxo de caixa
Se você não se organizar, vai deparar com planilhas desatualizadas, contas acumuladas, orçamentos ignorados e quem sabe dívidas.
Calma, não é um cenário apocalíptico… mas pode ser!
Tudo isso é facilmente evitável: basta ter o controle da contabilidade e da gestão financeira da sua clínica médica.
Seja montando uma tabela, usando ferramentas pagas ou gratuitas, o importante é ter na ponta do lápis tudo o que você gasta e todos os valores recebidos e que tem a receber.
Tudo deve ser contabilizado – incluindo gastos pequenos, que podem parecer irrelevantes.
Afinal, ao final do mês, estarão acumulados e podem significar um alto percentual de gasto da clínica médica.
Com um fluxo de caixa organizado e atualizado, é possível fazer a previsão de lucros e de investimentos necessários para manter a clínica funcionando.
Uma boa dica para tomar decisões é sempre analisar o fluxo de caixa do mês anterior e fazer projeções para o mês seguinte.
3. Planeje compras futuras
A gestão financeira para médicos também contempla os custos de reposição constante de materiais de escritório e de materiais médicos (insumos).
Estamos falando de:
- Papel A4 para fazer cópias e impressões;
- Luvas;
- Seringas;
- Entre outros materiais.
Se não houver um controle desses gastos, você pode acabar gastando demais – e, às vezes, de forma desnecessária.
Promova o acompanhamento e o planejamento dessas compras, com negociação de prazos de pagamento e cotação de preços com fornecedores.
Ao comprar de um primeiro fornecedor, você estará perdendo a oportunidade de pechinchar e conseguir um preço melhor, com desconto, por menor que seja.
Imagine sempre que o seu gasto será repetitivo – e, ao final do ano, um desconto de R$300,00 se torna R$3,6 mil economizados que podem ser reinvestidos na clínica ou definidos como lucro.
Dica extra: evite compras de emergência em farmácias ou lojas pequenas e procure realizar compras com maior volume, negociando preço e formas de pagamento.
4. Tenha autocontrole nos gastos pessoais e profissionais
Você com certeza investiu boa parte da juventude estudando – seja para o vestibular ou para a residência médica, não é mesmo?
Isso gera uma grande expectativa para os famosos salários médicos, que costumam ser bem generosos.
Porém, é preciso ir com calma, principalmente no início de carreira.
Quando médicos estão finalmente formados e começam a exercer a profissão, a tendência é de que queiram recuperar o tempo perdido e gastar todo o dinheiro que demoraram tanto tempo para ganhar.
Porém, se você não começar com o pé direito, fazendo um planejamento financeiro a curto e longo prazo, você pode se deparar com dívidas ao invés de lucros.
Gastar com responsabilidade é uma premissa para a sua vida pessoal e profissional.
Separe uma parte da renda para as obrigações, outra para investimentos e uma terceira parte para o lazer.
Você não precisa se preocupar com isso o tempo todo.
Por isso, é importante estar ciente do quanto você ganha, para saber quanto pode gastar.
Isso vale também para a gestão financeira da sua clínica médica: não adianta querer começar tendo o consultório mais bonito da cidade.
No começo invista no que é essencial para ela funcionar bem e oferecer um bom serviço.
Conforme o lucro for crescendo, você pode investir na estética e detalhes adicionais.
5. Adote ferramentas de gestão
Nada contra o bloquinho de papel, mas, para controlar a gestão financeira de forma mais eficiente, é importante adotar tecnologias apropriadas.
Existem vários softwares destinados ao gerenciamento financeiro, alguns inclusive relacionados à gestão de clínicas.
Mas você não precisa necessariamente licenciar um software caro para seu negócio.
Muitas clínicas têm excelentes resultados utilizando uma planilha de Excel, por exemplo.
Temida por muitos, a ferramenta facilita a criação de planilhas com cronogramas e tabelas.
E o melhor de tudo é que o Excel efetua operações matemáticas de maneira automática, sob comando, o que facilita vários cálculos rotineiros.
Por fim, o importante é entender qual a necessidade de organização do seu negócio e adotar a melhor ferramenta para ela.
6. Escolha o regime tributário ideal
Essa dica é válida desde o momento em que você registra o CNPJ da sua empresa.
Além de garantir que sua empresa estará regularizada perante a lei, escolher o regime tributário ideal pode diminuir os impostos a serem pagos.
Empresas registradas no lucro presumido, por exemplo, podem ser elegíveis à equiparação hospitalar e ter até 70% de economia em impostos pagos.
Mas, como saber o que é melhor e o que funciona para o seu negócio?
A dica é contar com uma contabilidade especializada na área médica, como a MedAssist, que irá auxiliar você a escolher o melhor regime tributário de acordo com as características da sua empresa.
7. Mapeie os custos (fixos e variáveis)
Vale reforçar: não deixe de registrar todos os gastos da sua clínica.
Desde as compras e manutenções mais caras até as mais baratas, todas devem ser registradas e consideradas no fluxo de caixa.
Só assim você poderá analisar os números e identificar quais custos podem ser reduzidos, quais são supérfluos e quais são essenciais.
E então deve-se fazer o balanço e se certificar se o dinheiro que entra na clínica é suficiente para pagar tudo o que você precisa.
Afinal, a análise dos dados é crucial para o sucesso do negócio.
Essa dica vale para a sua vida financeira pessoal também.
Ter tudo anotado é o melhor caminho!
8. Tenha uma equipe confiável
Dependendo do tamanho da sua clínica médica, é possível que você precise contratar funcionários para auxiliá-lo no atendimento dos pacientes e na cobrança dos procedimentos.
Escolha um bom gerente administrativo – dificilmente você terá tempo para gerenciar a clínica.
A pessoa que ficará responsável por planejar tarefas administrativas precisa ter tempo, ser competente, ter habilidades técnicas e pessoais.
Não é necessariamente preciso que essa pessoa tenha experiência na área médica.
É preciso, isso sim, que seja um profissional preparado para lidar com os diferentes departamentos e necessidades da empresa.
Uma equipe alinhada aos valores e objetivos da clínica também contribui para a gestão financeira, afinal todos vão trabalhar em prol do sucesso e, consequentemente, lucro do negócio.
9. Fique de olho na ocupação das salas
Você sabe quando uma companhia aérea opera com prejuízo?
Quando seus aviões estão vazios ou com poucos assentos ocupados.
E a mesma lógica se aplica à sala de consultório vazia.
Ou seja, sala vazia = prejuízo.
Não existe exatamente uma taxa de ocupação mínima recomendada para as salas consultórios médicos.
Porém, o cálculo financeiro que você deve fazer aqui é que quanto mais cheia a agenda, melhor.
Portanto, fique atento(a) à essa taxa das salas da sua clínica e evite prejuízos.
10. Tenha uma reserva de emergência
Essa é uma dica que vale tanto para o seu negócio como para a sua vida pessoal.
Em momentos de crise, é super importante ter uma reserva de emergência para que a sua clínica médica não afunde caso a procura dos pacientes diminua, por exemplo.
Na vida pessoal, as vezes imprevistos acontecem, e nessas horas contar com um dinheiro guardado e sem uso pode trazer certo alívio.
Por isso, fale com um contador e peça auxílio para saber qual a melhor maneira de ter a sua reserva de emergência: seja com investimentos, poupança, previdência privada, etc.
As alternativas são inúmeras.
Assim, você terá capacidade para manter os custos em dia, sem se endividar, enquanto encontra outras maneiras de solucionar os problemas.
11. Avalie a terceirização de serviços
Lembre-se: o seu core business é a medicina.
Portanto, terceirizar o que não é sua expertise é necessário.
Uma clínica médica também pode precisar de serviços de marketing, manutenção e contabilidade, como já mencionamos.
Portanto, avalie os custos de terceirizar esses serviços.
Pode ser mais vantajoso do que contratar profissionais específicos, que precisam ficar sempre à disposição do consultório.
12. Estabeleça regras claras para os demais médicos
Caso você seja o proprietário da clínica médica, defina como será o vínculo jurídico com os médicos do corpo clínico.
Evite pagamentos informais.
Faça tudo da maneira correta, com registros de todas as trocas financeiras e com um contrato que preveja todas as possibilidades.
Um advogado tributarista especialista na área médica é o profissional ideal para ajudá-lo.
Isso porque já têm experiência nesse tipo de contrato, que pode envolver subcontratação, sociedade médica, locação de sala…
Todas essas formas de relacionamento profissional culminam em diferenças tributárias e isso pode ser esclarecido por um advogado especialista.
13. Precifique corretamente o seu serviço
Os honorários médicos são grandes parâmetros para aqueles profissionais que atendem por planos de saúde.
Mas e quanto às consultas particulares, você sabe quanto deve cobrar?
Na hora de precificar o seu serviço, muitas questões devem ser consideradas.
Para começar, responda para si mesmo às seguintes perguntas:
- Qual é o meu público?
- Qual é a localização da minha clínica?
- Meu público pode pagar o valor que eu penso em cobrar?
- O valor cogitado cobre as despesas e vai me gerar lucro?
- A minha agenda é mais cheia ou mais vazia?
Essa decisão vai nortear o lucro da sua empresa no final do mês, então é importante fazer os cálculos corretos e chegar em um valor justo tanto para os pacientes, quanto para você.
Veja também: Como precificar serviços médicos? 4 passos para chegar no preço justo
14. Informe-se sobre investimentos
Ok, sabemos que a vida do médico é bem corrida, mas considere incluir estudos sobre educação financeira e investimentos no seu tempo livre.
Não precisa fazer uma pós-graduação ou um curso.
Há bastante conteúdo gratuito na internet que oferece ensinamentos básicos e avançados sobre o tema.
Confira três canais no Youtube para se informar de maneira fácil e didática.
- Charles Mendlowicz, do canal Economista Sincero;
- Canal da XP Investimentos;
- Thiago Nigro, do canal O Primo Rico.
Vale lembrar que o intuito não é que você se torne um especialista, mas que adquira uma noção básica do tema para não ser passado para trás, certo?
Afinal, investir no presente é deixar a sua aposentadoria e futuros garantidos.
Conhecimento necessário para o sucesso da sua clínica
O pouco acesso à educação financeira é um problema do sistema educacional brasileiro.
Médicos, assim como outros profissionais, normalmente não aprendem sobre finanças na faculdade.
O foco é quase exclusivamente na sua capacitação técnica e aprimoramento da prática médica.
Além disso, no mercado existe uma crença de que médicos que entendem de negócios (e finanças) não são bons médicos.
O que não é verdade.
O pouco que você saiba sobre gestão financeira é primordial para que o seu negócio não vá à falência, afinal médicos não precisam ser experts no assunto.
É por isso que, hoje, existem profissionais especializados em gestão financeira que servem para auxiliá-lo na melhor tomada de decisões.
Aprender a lidar com dinheiro, além de ser necessário, pode ser divertido.
Entre em contato com a equipe da MedAssist e saiba como organizar da melhor maneira possível as finanças da sua clínica médica e prosperar cada vez mais.